quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Jogo

Dois times, um só pensamento – a vitória। Em jogo, muito mais do que medalhas e troféu, a honra. De um lado, os invencíveis Harts, time de toque fácil e habilidoso; do outro, os Quelônios, time experiente, porém demasiado lento. Para alcançar à decisão, as equipes tiveram trajetórias distintas. Enquanto os Harts venceram seus cinco jogos com muita facilidade, os Quelônios passaram aperto para alcançar o confronto final.

Tudo certo para o início da partida, menos para os Quelônios, que a essa altura já não contavam com três importantes atletas do elenco: Romário, o homem que botava a criança para dentro e arrumava confusão, Aldo, o japonês podre, que na terceira partida teve um estiramento e Generoso, o goleiro que não era uma mãe। Enfim, de um lado a média de idade não passava dos 21 anos, enquanto do outro ela superava os 30, de longe।


Discussões à parte, teve início a peleja। O time dos velhinhos pachorrentos, os Quelônios, não conseguia passar o meio do campo, que parecia infinito nessa altura do campeonato, enquanto os Harts tocavam, serelepes, a bola. O goleirão dos Harts, Pádua, jogava no mais famoso estilo do outrora galã, Leão. Provocador, o arqueiro deixava enfurecido o adversário, principalmente Hirata, o mais argentino dos nipo-brasileiros. Não demorou muito e o primeiro gol saiu. Após escanteio da direita, em jogada confusa, Jamelão, colocou para dentro, 1 a 0 Harts. Não demorou muito para eclodir a primeira confusão. Marcos, o cascudo camisa um dos Quelônios partiu para cima de Jamelão, alegando que este havia lhe agredido com a cabeça. Mentira! Se isso tivesse ocorrido era morte certa, já que Jamelão tinha um semblante um tanto avantajado para os padrões normais. Quatro minutos depois, Espanha, no melhor estilo Geraldão, marcou de canhota. Meu Deus! Os torcedores foram ao delírio. Todos os 27. Espanha tinha esse apelido, embora não tenha nascido na terra de Zubizarreta, adorava falar com sotaque e se dizia torcedor do Barcelona – mas na verdade era seguidor do Juventus, da Mooca, ou seria do Nacional, ou do Jabaquara? Já não me lembro mais, ele sabia, de cor e salteado, todos os hinos e gritos de guerra. Impressionante.

Voltando ao jogo, os enferrujados Quelônios não conseguiram frear o ímpeto dos garotos e sofreram mais um। No placar 2 a 1. Estava cada vez mais complicado andar, que dirá correr, atrás deles. Mas num lance de astúcia, Jairo “o iluminado” Ramos, primo de terceiro grau de Tony, achou Hirata livre para empatar. 2 a 2. Quando o intervalo estava por chegar, mais um duro golpe. Juan acertou um portentoso chute na gaveta e decretou 3 a 2 para os Harts.

Intervalo। Táticas, água, maca e dor, muita dor. Correr atrás da molecada não era fácil, ainda mais perdendo. Segundo tempo iniciado e o panorama não mudou. Harts controla o jogo, enquanto os Quelônios lutam contra o tempo, a idade e a bola. Sem falar nas canelas alheias. Um bom exemplo foi Genaro, o italiano do Bexiga. Certa hora, o rapaz já não agüentava mais ouvir os gritos tresloucados do treinador – a bola, a bola, a bola, marca a bola! – então ouviu ecoar das arquibancadas – Genaro, a bússola! Naquele instante, o esforçado jogador não entendeu, mas quando chegou em casa, três horas depois de findar a partida e muitos quilômetros rodados, ele se deu conta do quão perdido ele era.

O final estava próximo, mas o destino, ou melhor, Pádua resolveu dar uma mãozinha, literalmente। O vaidoso guarda-redes tocou a bola com as mãos fora da área. Como já tinha amarelo, acabou levando o vermelho. Um a menos. Mas o tempo conspirava contra. Menos de um minuto para o término da partida.

Eis que volto a falar de Jairo. Como mencionei acima, ele era realmente iluminado. Cobrou a falta milimetricamente para Hirata, o clone do Tabata com a alma do Simeone, empatar. Na saída de bola, todos estavam contentes com a igualdade, que levaria a disputa para a marca do pênalti. Todos, menos Jairo. Ele roubou a bola e chutou. Ela ia para fora, é bem verdade, mas Juan, ao tentar salvar, acabou colocando para dentro do próprio gol, 4 a 3 Quelônios. Não teve tempo para mais nada, o árbitro encerrou a partida. Nada de fogos ou gritos de fãs ensandecidos. Apenas uma medalha de lata, muitas dores e a satisfação do dever cumprido.

Baseado em fatos reais।

Rodrigo Freitas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Moral da história:

os véio corre atrás mas é a rapaziada que bota prá dentro!

Anônimo disse...

QUELONIU EH MELHOR Q O ROGERIO CENI!

baSeado é um fato real.. e tenho dito manu!